domingo, 21 de fevereiro de 2010

Enfim...


"Dois países, uma sina

00h04m

País um - é o país em que o primeiro-ministro, acossado e agastado por semanas seguidas de graves suspeitas, decide dirigir-se solenemente aos portugueses para dizer pouco mais do que nada; é o país em que uma mão cheia de puros jura ver sinais evidentes de falta de liberdade de imprensa e de liberdade de expressão; é o país em que o poder judicial volta a dar de si uma imagem pouco feliz; é o país em que se publicam escutas em jornais deixando ao "povo" o exercício que obviamente se procura: a justiça popular; é o país que vive sob o cutelo das moções de confiança e de censura; é o país em que o principal partido da Oposição continua em frangalhos, à espera de um salvador; é o país em que se voltam a misturar empresas públicas com financiamento partidário; é o país em que Paulo Rangel, um dos candidatos à sucessão de Ferreira Leite, acha que, entre outros métodos, salvar a Educação em Portugal passa por ter como exemplo aquilo que se fazia nas escolas do Estado Novo, altura em que toda a gente sabia ler, escrever e contar. Muitas vezes à custa de pancada, é verdade, mas toda a gente sabia ler, escrever e contar; é o país em que o presidente da República está manietado na sua intervenção, por causa de prazos constitucionais e porque vêm aí eleições presidenciais... Enfim, o "país um" não se recomenda.

País dois - é o país que tem poucos anos para vencer uma batalha decisiva para o seu futuro: o controlo das contas públicas; é o país que continua alegremente a viver com um asfixiante endividamento externo; é o país que está obrigado a apresentar em Bruxelas um Plano de Estabilidade e Crescimento verdadeiro e eficaz, ou seja, duro para as famílias portuguesas; é o país que tem o desemprego mais elevado dos últimos 50 anos, tendo a perfeita noção de que a coisa não vai melhorar; é o país que sabe que a vida dos portugueses vai piorar, porque os salários não vão aumentar nos próximos anos e porque, ao contrário, os juros voltarão a subir; é o país que sabe que está na mira dos especuladores, dadas as suas fragilidades, o que pode, de repente, tornar tudo ainda muito pior... Enfim, o "país dois" também não se recomenda.

A sina - vem de trás e, muito provavelmente, comprovar-se-á lá mais para a frente: no "país um" tudo acabará sem que os responsáveis pelas malfeitorias sejam devidamente punidos; no "país dois" sobra-nos a esperança de que, no meio do terramoto, um assomo de lucidez ajude os nossos políticos a perceber que ou se juntam na batalha pelo futuro, ou as paredes deste periclitante Portugal desabam. Rezemos."

In "Jornal de Noticias - Opinião - Paulo Ferreira"

Está tudo dito!!! Já comecei a rezar...

Ah! Havia também uma opinião do jornalista Mário Crespo...mas esse agora tem umas palavrinhas á frente do nome..."Ex-cronista"...pois...

1 comentário:

Maria Santos disse...

Estás a ver porque é que eu preferia ser espanhuela??? porque raio a D. Teresa não pregou uma carrada de porradas ao filho??? um filho nunca bate na mãe!